terça-feira, 20 de março de 2012

Resenha do livro Educação Infantil e registros de práticas - Amanda


                Em seu livro, Educação Infantil e registros de práticas, Amanda Cristina Teagno Lopes nos traz sua reflexão sobre o tema registro inserido no contexto da Educação Infantil, ressaltando a relevância dos registros das práticas docentes como elementos importantes na formação de professores, no desenvolvimento profissional, na construção de memórias e como meio de produção de autoria.
                   A autora descreve que o registro é uma ferramenta importante na construção de memórias e de uma identidade docente, pois se caracteriza como um meio de imprimir marcas sobre a história. O registro precisa partir de uma observação e analise da realidade, possibilitando sua compreensão e favorecendo a reflexão da prática docente, uma vez que o registro deve ser precedido pelo ato de pensar, refletir e posicionar-se diante dos acontecimentos, tornando-se um instrumento de melhoria da ação pedagógica.
                   Lopes ressalta que ato de registrar a prática não é tarefa simples, pois demanda tempo, envolvimento e disciplina, para que o registro da prática não se torne o ato mecânico de escrever sobre ela, mas que se torne um instrumento de reconstrução de uma profissionalidade diretamente ligado a observação e reflexão da prática, subsidiando o planejamento e o replanejamento, tendo o professor como pesquisador, produtor de conhecimento e autor de sua prática.
                   Por meio de uma pesquisa documental, a autora constatou, por volta dos anos de 1920, iniciativas de registros nas instituições, com a criação de parques infantis, onde eram elaborados relatórios e boletins, porem estes documentos ressalta mais os dados quantitativos que os qualitativos e vinham com orientações e atividades a serem seguidas numa evidente tentativa de padronização de práticas. Já na década de 1930 tem o apogeu do ideário escolanovista, onde a educação é vista como instrumento de civilização e progresso, surgindo a necessidade de investimentos na área, pois era escasso os conhecimentos pedagógicos sistematizados, tornando-se nítida a preocupação em divulgar trabalhos e experiências sobre o ensino. Portanto o registro, a produção de saberes e a divulgação de experiências já ocorriam na escola publica brasileira na década de 1930.
                  Ao destacar a importância do registro de práticas no processo de formação contínua e em serviço do professor, a autora analisou alguns planos e registros diários e portfólios produzidos por professores. Os planos e registros diários revelam as concepções, intervenções e dilemas do educador e torna-se um instrumento de reflexão para uma posterior reorganização de suas praticas pedagógicas. E os portfólios caracterizam-se pela seleção de registros, documentação, descrição e sistematização de um processo e torna-se um espaço de divulgação de um trabalho.
                   A análise destes registros possibilitou identificar o registro como instrumento favorável à reflexão sobre a prática pedagógica, como subsidio a produção de conhecimentos, material que possibilita à divulgação de experiências, à construção de memória e de uma identidade docente, resultando em documentos que constituem uma história que mescla a trajetória de vida do professor que também influencia seu desenvolvimento profissional.
                  Em suas considerações finais a autora afirma que a sistematização da prática do registro também depende do contexto em que ela se insere, no qual a instituição pode estimular ou não o trabalho docente, valorizando ou não o registro de suas práticas. É preciso que a prática do registro assuma uma postura coletiva, sendo incorporado ao projeto político-pedagógico, servindo de elemento de desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional.
                   Portanto, Lopes ao abordar o tema registro, nos traz considerações relevantes sobre sua importância e a necessidade de que sua prática se torne cada vez mais usual entre os professores, visto que a sistematização do registro requer a produção de escrita, o que evidenciará a competência do professor para a autoria e sua valorização como produtor de conhecimento. Este registro pautado em observação e analise da realidade e na reflexão sobre as práticas pedagógicas, resultará em autoria contextualizada, atendendo as necessidades educacionais atuais. O registro também se configura como instrumento favorável aos processos de formação profissional e favorecendo a troca de saberes e experiências.
 Amanda Mieko Umeda


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