Em seu livro, Educação Infantil e registros de
práticas, Amanda Cristina Teagno Lopes nos traz sua reflexão sobre o tema
registro inserido no contexto da Educação Infantil, ressaltando a relevância
dos registros das práticas docentes como elementos importantes na formação de
professores, no desenvolvimento profissional, na construção de memórias e como
meio de produção de autoria.
A
autora descreve que o registro é uma ferramenta importante na construção de
memórias e de uma identidade docente, pois se caracteriza como um meio de imprimir
marcas sobre a história. O registro precisa partir de uma observação e analise
da realidade, possibilitando sua compreensão e favorecendo a reflexão da
prática docente, uma vez que o registro deve ser precedido pelo ato de pensar,
refletir e posicionar-se diante dos acontecimentos, tornando-se um instrumento
de melhoria da ação pedagógica.
Lopes ressalta que ato de registrar a prática não é
tarefa simples, pois demanda tempo, envolvimento e disciplina, para que o
registro da prática não se torne o ato mecânico de escrever sobre ela, mas que
se torne um instrumento de reconstrução de uma profissionalidade diretamente
ligado a observação e reflexão da prática, subsidiando o planejamento e o
replanejamento, tendo o professor como pesquisador, produtor de conhecimento e
autor de sua prática.
Por meio de uma pesquisa
documental, a autora constatou, por volta dos anos de 1920, iniciativas de
registros nas instituições, com a criação de parques infantis, onde eram
elaborados relatórios e boletins, porem estes documentos ressalta mais os dados
quantitativos que os qualitativos e vinham com orientações e atividades a serem
seguidas numa evidente tentativa de padronização de práticas. Já na década de
1930 tem o apogeu do ideário escolanovista, onde a educação é vista como
instrumento de civilização e progresso, surgindo a necessidade de investimentos
na área, pois era escasso os conhecimentos pedagógicos sistematizados,
tornando-se nítida a preocupação em divulgar trabalhos e experiências sobre o
ensino. Portanto o registro, a produção de saberes e a divulgação de
experiências já ocorriam na escola publica brasileira na década de 1930.
Ao destacar a importância do
registro de práticas no processo de formação contínua e em serviço do
professor, a autora analisou alguns planos e registros diários e portfólios
produzidos por professores. Os planos e registros diários revelam as
concepções, intervenções e dilemas do educador e torna-se um instrumento de
reflexão para uma posterior reorganização de suas praticas pedagógicas. E os
portfólios caracterizam-se pela seleção de registros, documentação, descrição e
sistematização de um processo e torna-se um espaço de divulgação de um
trabalho.
A análise destes registros
possibilitou identificar o registro como instrumento favorável à reflexão sobre a prática pedagógica, como subsidio a
produção de conhecimentos,
material que possibilita à divulgação
de experiências, à construção
de memória e de uma identidade docente, resultando em documentos que
constituem uma história que mescla a trajetória de vida do professor que também
influencia seu desenvolvimento profissional.
Em suas considerações finais a
autora afirma que a sistematização da prática do registro também depende do
contexto em que ela se insere, no qual a instituição pode estimular ou não o
trabalho docente, valorizando ou não o registro de suas práticas. É preciso que
a prática do registro assuma uma postura coletiva, sendo incorporado ao projeto
político-pedagógico, servindo de elemento de desenvolvimento pessoal,
profissional e organizacional.
Portanto, Lopes ao abordar o
tema registro, nos traz considerações relevantes sobre sua importância e a
necessidade de que sua prática se torne cada vez mais usual entre os professores,
visto que a sistematização do registro requer a produção de escrita, o que
evidenciará a competência do professor para a autoria e sua valorização como
produtor de conhecimento. Este registro pautado em observação e analise da
realidade e na reflexão sobre as práticas pedagógicas, resultará em autoria
contextualizada, atendendo as necessidades educacionais atuais. O registro
também se configura como instrumento favorável aos processos de formação
profissional e favorecendo a troca de saberes e experiências.
Amanda Mieko Umeda
Nenhum comentário:
Postar um comentário